quinta-feira, 15 de setembro de 2011

PORQUE FÍSICA?

Porque Física ?

Terminei o curso científico no Colégio Mello e Souza em 1948 e, a pedido do diretor do colégio, Dr. Luiz de Mello Campos, aceitei a tarefa de reativar o laboratório do colégio, que estava abandonado. Aceitei, e nas férias de verão, deixei o laboratório pronto para as aulas no ano seguinte. Já havia combinado com o Prof. Albert Ebert, lecionar as aulas de laboratório de Química.

Naquele ano havia me submetido aos exames vestibulares para a Escola Nacional de Engenharia (fui reprovado em Desenho – eliminatória), para a Escola Nacional de Química (não atingi o limite de vagas) e passei no exame para a Faculdade de Filosofia do Instituto Lafayette, Curso de Física. 

Iniciei meus estudos de Física na Lafayette, e tornei-me amigo do Professor de Física Armando Dias Tavares e dele indagava constantemente sobre as aulas experimentais (que não eram dadas naquela Faculdade).  Com o auxílio do Prof. Armando D. Tavares consegui transferir-me para a Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil (hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro), onde me licenciei em Física em 1954 e terminei o bacharelato em 1955.

Durante meus anos de Faculdade, a partir de 1949, cujas aulas seguiam um horário errático e com intervalos muito grandes, continuei dando aulas práticas de Química no Colégio Mello e Souza e entrei  como estagiário para o Centro Brasileiro de Pesquisas Fisicas - CBPF que, naquela época, era próximo à Faculdade.  A Faculdade funcionava na Avenida Presidente Antonio Carlos, esquina com a Avenida Beira Mar (hoje Consulado Italiano), e o CBPF no 21º. Andar do Edifício Serrador, na Rua Álvaro Alvim, na Cinelândia.

No Curso de Física não fui um aluno brilhante. Meus anos de ginásio e científico foram fáceis tendo, inclusive, sido premiado com medalhas de primeiro, segundo ou terceiro lugar na classe, em quase todos os anos.  Mas eram conseguidas sem muito esforço. Em conseqüência, não fiz o costume de estudar com dedicação.  Isto só aconteceria muitos anos mais tarde, quando fui estudar no exterior.

Dos tempos de Faculdade lembro-me muito bem de meus professores;  Joaquim da Costa Ribeiro (que morreu de infarto no Clube Caiçaras, durante uma recepção ao Prêmio Nobel Yang – tenho uma foto em que eu estou distraindo o Prof. Yang e sua esposa, para que não percebessem a comoção causada no outro lado do salão), Plinio Sussekind Rocha, Maria Laura Mouzinho, José Abdelhay, Alvércio M. Gomes, José Leite Lopes, Jayme Tiomno e Cesar Lattes (com estes três últimos continuaria a ter contato no CBPF).

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Meus colegas foram uma fonte de inspiração pela dedicação que demonstravam no curso. Era uma vida de seminários, estudos em grupo, discussões o tempo todo. Cada um de nós com seus problemas particulares e dificuldades de horários.

Lembro de todos;  Sarah de Castro Barbosa, Joaquim Pedro de Andrade, Newton Braga, Luiz Carlos Gomes, Alfredo Marques (que continuei em contato no CBPF), Ramiro Porto Alegre Muniz, Carlos Marcio do Amaral, Erasmo Madureira Ferreira, Rose Marie Gebara e Regis Alves da Silva Aizikovitch, além de dois oficiais da Marinha, Radival  e José Gerard de Aratanha.



Foram anos que decidiram minha carreira. Desde logo me dirigi para a área experimental e meu estágio simultâneo no CBPF complementou e firmou meu caminho daí para  a  frente. Embora tivesse me dedicado a trabalhos experimentais durante minha passagem pela Faculdade, a pouca dedicação aos estudos teóricos  vieram a me fazer falta no futuro, primeiro na Universidade da Pennsylvania, onde fiz cursos teóricos nas áreas de Física do Estado Sólido e de Semicondutores, e depois na Universidade da Califórnia, Berkeley, onde fiz o mestrado em Engenharia Nuclear no Departamento de Engenharia Nuclear do College of Engineering.  Lá aconteceu um fato interessante: como eu não tinha a formação de engenheiro não podiam me conceder o título de Mestre em Engenharia.  Recebi o mestrado em Ciência da Engenharia (Engenharia Nuclear). Tanto num como no outro tive que recuperar o tempo perdido no estudo básico. Mas valeu a pena. As duas passagens pelo exterior definiram duas fases importantes de minha atividade – primeiro na Física do Estado Sólido e Semicondutores e depois em Engenharia Nuclear.


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